Jogo do Tigrinho: Anúncios no Instagram incomodam usuários e causam aumento de reclamações

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Usuários do Instagram relatam que são seguidos diariamente por diversas contas spam e são marcados em publicações de perfis falsos, usados para atrair novos jogadores. Essa prática levou a uma disparada nas queixas de usuários à rede social.

Na sua descrição, as contas oferecem bônus em dinheiro para aliciar jogadores e afirmam que "milhares de pessoas já ganharam" com o jogo, mas têm perfis privados ou sem qualquer publicação de posts.

— Sempre que entro no Instagram já tem três ou quatro notificações desses perfis pedindo para me seguir. É bem chato porque eu não sei quem está por trás deles, tenho medo até de ter sido hackeada. Eu não me sinto nem um pouco tentada a jogar, não sei e não quero saber como esse jogo funciona, então eu bloqueio logo — reclama a estudante paranaense Luana Neves, de 23 anos, usuária da rede social X.

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Mas o bloqueio parece não ser suficiente. "Não aguento mais esse tanto de perfil de jogo do tigrinho me adicionando, removo todos. Inclusive, se tiver algum lugar que bloqueia esse tipo de perfil para não me adicionar mais, quero saber", reclama outra internauta. "Quanto mais Instagram do jogo do tigrinho eu bloqueio, mais me seguem", outra relata.

Como um casino virtual, o Fortine Tiger tem funcionamento parecido ao de um caça-níquel. Para ganhar, o apostador precisa acertar a combinação de três figuras iguais em três fileiras para receber uma premiação em dinheiro. Basta apenas um cadastro para que seja possível enviar valores via Pix ou cartão de crédito.

Depois disso, é preciso apertar o botão para tentar a sorte. No entanto, ele é considerado um jogo de azar, o que é proibido no Brasil. E é alvo de investigações policiais porque os games desse tipo não são registrados no país e muitas vezes são operados a partir de plataformas falsas registradas no exterior.

Especialistas dizem que o jogo é programado para gerar a dependência do usuário e afirmam que ele utiliza algoritmos para que o público acabe perdendo dinheiro.

Em nota a Meta, dona do Instagram, afirma que está trabalhando para "limitar a disseminação de spam" em suas redes sociais ao não permitir "conteúdos que podem enganar os usuários".

"Entendemos que esse tipo de conteúdo cria uma experiência negativa e prejudica a capacidade das pessoas de interagir de forma autêntica em suas comunidades e procuramos impedir que as pessoas se utilizem de forma abusiva de nossas plataformas, produtos ou recursos para aumentar artificialmente a visualização ou distribuir conteúdo em massa para ganho comercial", diz a companhia dona de Instagram, Facebook e WhatsApp.

A Meta, no entanto, não disponibiliza detalhes sobre como é feita a filtragem desse conteúdo nem confirma se os perfis de divulgação do Jogo do Tigrinho serão derrubados. Para especialistas, a empresa precisa ser mais transparente.

— Diante desse cenário, também é de suma importância que a plataforma ofereça relatórios de transparência que reportem as ações de governança tomadas para limitar a proliferação de perfis falsos. No entanto, a Meta anunciou que vai descontinuar a ferramenta disponível para coleta de dados atualmente, intensificando a opacidade dos dados do Instagram — critica a pesquisadora Débora Salles, do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da UFRJ (NetLab).

A ferramenta CrowdTangle, considerada pela pesquisadora vital para monitorar a desinformação nas redes sociais, será descontinuada pela Meta nos próximos meses, uma medida que os especialistas descrevem como um “retrocesso”. A

empresa anunciou que a ferramenta não estará mais disponível a partir de 14 de agosto, mas afirmou que ela deve ser substituída por um novo banco de dados.

Os jogos de azar e os cassinos foram proibidos no país pelo Decreto-Lei nº 9.215 de 1946. A prática até hoje é considerada apenas uma contravenção penal, mas tem como pena o pagamento de multas e cumprimento de três meses a um ano de prisão. A divulgação irregular, no entanto, tem um preço bem mais alto.

Na semana passada, a Polícia Civil de Alagoas deflagrou a Operação “Game Over”, que cumpriu mandados de busca e apreensão em residências de influenciadores acusados de estelionato ao incentivar seus seguidores a jogar. Entre os bens apreendidos estiveram dois carros de luxo, uma lancha, além de celulares e dinheiro, que somados chegaram ao valor estimado de R$ 38 milhões.

Está em discussão no Congresso um projeto de lei que busca legalizar os jogos de azar, como bingos e o jogo do bicho. Ele foi aprovado na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, após mais de um ano de tramitação na Casa.

O texto teve apoio de líderes do Centrão e da base do governo, mas sofria forte resistência da bancada evangélica do Congresso.

Já as apostas esportivas, conhecidas como "bets", estão em processo de regulamentação desde a publicação de um decreto federal, em janeiro deste ano, que oficializou a criação da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA).

As bets, portanto, estão legalizadas. E, como tal, as estratégias de divulgação das apostas devem seguir as regras estabelecidas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

Entre as normas criadas, estão o princípio de identificação publicitária, que inclui a obrigatoriedade de verificação de perfis anunciantes nas redes sociais, e de veracidade da informação, que proíbe a promessas de "ganhos certos, fáceis e elevados".

No entanto, o Conar comunica que abriu cerca 30 processos éticos sobre publicidade do segmento de apostas e diz ter enviado mais de 80 notificações a anunciantes e influenciadores até o início do mês de junho, chamando a atenção para potenciais irregularidades na comunicação.

A entidade considera que as reclamações contra potenciais irregularidades na divulgação desses produtos é a principal fonte de queixas recebidas.

A Meta também recomenda que os usuários denunciem perfis que possam violar as Diretrizes da Comunidade. Para cumprir essa etapa, é preciso tocar no ícone "..." na parte superior direita da publicação, clicar na opção "Denunciar" e, em seguida, acompanhar as instruções que aparecem na tela.

O usuário também pode analisar e remover possíveis seguidores bot e spam de suas respectivas listas de seguidores no Instagram. Caso sejam oficialmente spam, as contas não poderão seguir novos usuários sem a devida confirmação.